sábado, 20 de junho de 2015

O Céu é dos cristãos?

Existe um Céu?



Afinal, você irá para o Céu?







Em algumas religiões, a recompensa dos bons, ou que viveram sobre os preceitos dos sacramentos religiosos, é habitarem um lugar reservado chamado Céu ou Paraíso. O paraíso também designa um lugar aprazível, mas localizado na Terra, onde se teria uma espécie de restauração do Éden, o Jardim perdido; enquanto que o Céu estaria localizado em algum lugar acima das nuvens, ou no espaço, conforme as interpretações mais condizentes com a astronomia. De toda forma, este seria o lugar onde as pessoas estariam mais perto de Deus, podendo também ser subdividido, conforme esta proximidade.


Esta visão de recompensa aos bons atos é condizente com a noção de justiça humana, e parece uma descrição crível do mundo espiritual. Entretanto, dois erros se chocam com o bom senso, ou à razão comum, como a localização deste lugar e o seu caráter exclusivista, dado que os não escolhidos não podem almejar essa posição, devido à eternidade de suas penas. Enquanto que o primeiro pode ser resolvido pela interpretação alegórica, o conceito de eternidade das penas revela-se contraditório, tanto sob á razão humana, quanto às próprias bases teológicas das Igrejas cristãs dominantes, como a Igreja Católica e Protestante. Sob a ótica humana, a pena deve ser proporcional ao crime, ora porque alguém que roubou um pão para dar de comer à sua família deve ser condenado eternamente, sendo que este homem viveu apenas alguns anos perante a eternidade? 

A justificativa teológica para a crença na eternidade das penas é que sendo Deus infinito, o pecado, ou o crime contra Deus, deve ter pena infinita. Mas aqui está a contradição: se Deus é justo e bom, no grau supremo, também infinito é a sua misericórdia, assim sendo uma Pena nunca poderá ser eterna. Afinal, por que Jesus tanta vezes nos ensinou o valor do perdão, devendo-nos até nos desculpar com o nosso irmão antes de ir ao Templo de Deus!

Sendo assim, o argumento teológico é fraco, pois admite refutação lógica. Pois os atributos divinos não podem ser infinitos, se um se choca com outro, como os atributos da Justiça e da Bondade. Pois se Deus é infinitamente Justo, e está condizente com a doutrina das  eternidades das penas, deixará de ser Infinitamente Bom, pela falta de misericórdia. Assim, o grau máximo de um atributo diminui outro, deixando de ser um Ser supremo.

Cabe ainda dizer que se você não está na religião certa, a que mais se aproxima dos preceitos divinos, provavelmente você não irá ao Céu. Isto parece ser a suprema injustiça, tendo em vista que não existe no mundo não só a religião católica, protestante ou judia, mas que a maioria da população ainda se guia por outras religiões. Assim, se você não teve a graça de nascer em certa religião, ou não teve a oportunidade de se converter na religião certa (se é que temos condições de assim julgar), você provavelmente não irá para o lugar dos Justos. Isto também representa um erro teológico, pois se Deus é pai de todos, dos americanos, europeus, asiáticos e todos os índios espalhados no globo, todos deveriam ter igualdade de condições para receber e entender a sua mensagem e seguir a religião “correta”.

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