sexta-feira, 5 de junho de 2015

Charlie Charlie Challenge! Medo de demônios? - Parte II



A Bíblia confirma que demônios são anjos caídos?
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A Bíblia confirma que demônios são anjos caídos?





Nos livros mais antigos da Bíblia, o pentateuco, não há nenhuma menção a “anjos caídos”. Nem mesmo os “filhos de deuses”, em Gêneses, que tiveram relações com mulheres humanas, não são nem considerados pecadores, nem são aprisionados ou castigados. Na narrativa, os pecadores são os homens que serão castigados com o dilúvio.

Satanás, ou Satan, aparece em poucas passagens, e em nada denota anjos caídos, mas simplesmente o “opositor”.Neste sentido, não se afirma ser um mal ou bom espírito ou anjo. Aliás, como um anjo pode ser mal?



É bom notar que a primeira referência ao termo esta na passagem em Números 22:22-32 onde diz que um anjo de Deus se pôs como “Satan” no caminho de Ballaão. Satanás, também, é visto como membro do reino de Deus, obedecendo as ordens dele, para provar a fé de Jó, no livro de Jó. Outro exemplo de como a palavra não denota anjos caídos está na comparação entre as passagens de 1 Crônicas 21:1-2 e 2 Samuel 24:1-2, onde a tradução por Satan, na primeira, é traduzida por “Deus” ou “Ira de Deus”, na segunda. Assim, o termo parece se referir a um anjo que se pós como “Opositor” ou a dizer que o Satan é o próprio Deus, como opositor a David.

Outro nome de destaque para os que acreditam em anjos caídos é Lúcifer. Lúcifer, traduzido literalmente, significa “brilhante filho da manhã” o quê está mais perto de se referir a uma estrela, raio de sol ou ao planeta Vênus, que pode ser visto no início da manhã. Pior que a tradução é a passagem que faz referência ao anjo caído que é Isaías 14:12-14. É só não lendo toda a passagem que o leitor é convidado ao erro, pois que nos versículos anteriores o autor cita nominalmente à queda do império babilônico, conforme:

“Então proferirás este provérbio contra o rei de babilônia, e dirás: Como já cessou o opressor, como já cessou a cidade dourada! (...) Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.” Isaías 14:4-14.

Então como a doutrina dos anjos caídos encontrou ressonância nos judeus, da época, e no cristianismo? Conforme já mencionado, esta doutrina teve influência do Zoorastrismo, durante o domínio persa sobre Babilônia. A influência persa perdurou até mesmo no período helenístico dos judeus, pois o quê predominou foi o sincretismo religioso.

A influência persa fez acreditar aos Judeus que existiria o tempo atual, onde dominaria a impiedade, e uma época futura, onde reinaria a justiça. Essa temática foi aos poucos se desenvolvendo entre os profetas judeus, que exortaram seu povo a se manterem “fies” ao seus Deus, pois que assim, seriam recompensados no futuro. Essa visão é aprofundada no livro de Daniel, onde a crença em um Messias e na ressurreição dos justos é desenvolvida.

Porém, foi nos livros de Enoque (apócrifo) e no livro de Judas que a doutrina dos anjos caídos ganhou força. No livro de Enoque, desenvolve-se uma narrativa para justificar o “Dilúvio”, para preencher uma lacuna deixada pelo livro de Gênesis que diz que anjos copularam com mulheres. Porém uma diferença importante é que o livro de Gênesis não coloca os “Gigantes” como fruto dessa relação, nem que são maus, mas antes são chamados de valentes; ao passo que o livro de Enoque diz que os gigantes são os filhos dessa relação, e que são devoradores de homens.

Já no livro de Judas 6 diz que os anjos que abandonaram o seu estado original, Deus os tem guardado em sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia. Deve-se observar que esses anjos não podem também significar os demônios como anjos caídos, na sua concepção atual, pois que a sua liberdade é restringida.

Assim, a doutrina dos anjos caídos teve sua época no imaginário popular judeu advindo da influência persa, e pela situação dos Judeus que foram exilados, voltaram para a sua terra, tendo sido conquistados novamente. A ideia de uma nação invencível, onde o Deus os protegeria, teve que ser modificada, para acomodar uma visão que o sofrimento deles era decorrente da “maldade”, mas que no final eles iriam subjugar a todos pela vinda do Messias, e que os Judeus reinariam sob a vontade de Deus. Nessa época, escritos apócrifos, também desenvolveram a noção da existência de supostos opositores a Deus, ou anjos caídos. É bom considerar que os livros que mais desenvolveram a ideia de anjos ou criaturas de Deus como seus opositores divinos foram considerados apócrifos, e não fazem parte do ensino religioso judaico. Desse modo, tal noção não encontra legitimidade no judaísmo, mas certamente fez parte do imaginário à época de Jesus.

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